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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

ENCHENTE, CARNAVAL E QUARESMA

    Em meio às notícias diárias sobre a calamidade das enchentes em nosso estado e em outras regiões do país, com milhares de desabrigados e milhões em prejuízos, há uma boa notícia: o número de mortos representa uma redução de 32% em relação ao balanço do ano passado. Também foi registrada queda de 6% no número de acidentes e 2% nos feridos durante o feriadão (dados da PRF).

    E o que isso tem a ver com a enchente e a Quaresma? 

    Ora, se os prejuízos materiais, emocionais e humanos (mortes) das cheias são causados porque os rios enchem e transbordam e, também, por habitações precárias em lugares de risco (e muitas vezes pela falta de uma atuação adequada do poder público), sabemos que as mortes no trânsito no Brasil, em geral e especialmente no carnaval, devem-se em grande parte a outro tipo de “enchente” – gente cheia de bebida alcoólica, que põem em risco a própria vida e a dos outros, matando mais que as enchentes de nossos rios, que, aliás, já são esperadas a cada ano.

    Enquanto o carnaval (como muitas outras festividades no Brasil) é movido por música e consumo (ou encher-se) de álcool, o período que inicia com a quarta-feira de cinzas e dura quarenta dias (sem contar os domingos), até a véspera da Páscoa, enfatiza a reflexão, o arrependimento e o encher-se de outra coisa, segundo o texto bíblico da carta de Paulo aos Efésios: Não se embriaguem, pois a bebida levará vocês à desgraça; mas encham-se do Espírito de Deus (Ef 5.18).

    O sábio Salomão nos diz que a melhor coisa que alguém pode fazer é comer e beber e se divertir com o dinheiro que ganhou. No entanto, compreendi que mesmo essas coisas vem de Deus (Eclesiastes 3.24). Por isso o conselho de Paulo (inspirado pelo mesmo Deus de Salomão) é o da moderação, para não cair na desgraça (como as mortes do trânsito), e do encher-se do Espírito de Deus.

    Esse Espírito nos é dado por Cristo, aquele Bom Pastor do Salmo 23, sobre quem Davi diz: Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranqüilas. Este Cristo nos diz: Aquele que tem sede venha. E quem quiser receba de graça da água da vida. O Espírito de Deus é quem dá a vida. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida (Apocalipse 22.17, João 6.63).

    O período da Quaresma quer nos fazer refletir sobre o que enche o coração do ser humano desde o nascimento e que levou Cristo a dar sua vida na cruz por todos nós – o pecado. Foi sofrendo e morrendo em nosso lugar que Jesus tornou-se o Pastor que nos leva a águas tranqüilas, o doador da água da vida, que nos enche com seu Espírito e dá o perdão do pecado, a vida e a salvação verdadeiras.

    Que a Quaresma nos ajude buscar a alegria que só Cristo pode dar, em seu Espírito - alegria que é firme e eterna, e não passageira e perigosa como a proporcionada pela bebida. Assim, mesmo em meio a águas que sobem e causam perdas, dor e sofrimentos, seremos aqueles de quem o profeta Isaías diz: Cheios de alegria, todos irão até as fontes e beberão da água que os salvará (Isaías 12.3).

Rev. Leandro D. Hübner – Pastor e Teólogo Luterano -

ledahu@gmail.com

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

SERMÃO - MATEUS 3.1-12

Sermão – Mateus 3.1-12
Tema: João, eu e vocês preparamos o caminho do Senhor!
    Estimados irmãos e irmãs no Salvador Jesus.
    Voz do que clama no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas.” Quando escreveu essas palavras ao povo de Israel (Is 40.3), uns 700 anos antes de Cristo, a pessoa que o profeta Isaías tinha em mente era João Batista, primo de Jesus e personagem principal de nosso texto. 
    Tanto no Antigo como no Novo Testamento havia o costume de anunciar a vinda de um príncipe e preparar-lhe o caminho em suas viagens. João foi o precursor de Jesus, com o propósito de preparar, por meio da pregação e do batismo, os corações e as mentes do povo, para a vinda do grande Rei da Misericórdia e a chegada do Reino dos Céus. O caminho do Rei precisa ser: reto, sem os desvios da hipocrisia; sem pecados ocultos; sem dar as voltas e curvas do egoísmo.
    Com sua pregação pedindo arrependimento com confissão sincera de pecados e o batismo, João estava preparando o povo para a vinda de Jesus. Sua pregação não era “politicamente correta” nem suave. Quando alguns líderes religiosos vieram receber seu batismo, provavelmente para agradar ao povo, mas sem arrependimento verdadeiro e contando que seriam salvos por Deus só porque eram descendentes de Abraão, João Batista foi duro com eles: LER v. 7b-10.
    Essa pregação dura contra o pecado, o orgulho e a hipocrisia não mudou depois de João Batista. O próprio Jesus disse logo depois de ser batizado pelo mesmo João: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho (Mc 1.15). É a pregação da Lei de Deus, que quer nos levar a reconhecer que somos pecadores perdidos e que não podemos nos salvar nem entrar com nossos esforços no Reino dos Céus. 
    Aos arrependidos, João pregava o Evangelho, a boa notícia de que Deus faz através de Jesus o que nós podemos fazer, pois como diz o Batista, Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.129). Em nosso texto este Evangelho aparece nos v. 11 e 12, quando João diz que Jesus nos batizará com seu Espírito Santo e que ele recolherá o seu trigo no celeiro, ou seja, salvará os que nele creem. 
    Este Evangelho também não mudou. Hoje, quando alguém se arrepende ao ouvir a Lei de Deus e crê em Jesus como o Cordeiro de Deus, que o perdoa e salva, esta pessoa entra no Reino dos Céus e recebe salvação completa e eterna.
    Por isso, a missão de João Batista continua. Podemos dizer assim: João, eu e vocês preparamos o caminho do Senhor!
    Para que as pessoas possam ouvir a Lei e o Evangelho, eu e vocês, como João, precisamos hoje preparar o caminho do Senhor na vida delas, isto é, precisamos fazer chegar aos ouvidos, olhos e corações das pessoas a mesma Palavra de Deus que nós recebemos.
    Como diz nosso novo lema, enraizados e edificados em Cristo, João, eu e vocês preparamos o caminho do Senhor. Ao começarmos mais um tempo de Advento, precisamos nos avaliar e perguntar: 
- Estamos sendo enraizados e edificados em Cristo, crescendo na fé, no conhecimento bíblico e na vida cristã, participando sempre dos cultos e estudos onde recebemos a Palavra e a Santa Ceia?
- Temos proclamado a Lei com coragem e firmeza e o Evangelho com alegria e pureza entre nós e aos que ainda não creem?
- Damos testemunho do que cremos, ensinamos e confessamos na vida diária e nas redes sociais, com palavras, ações e reações que apontam para o Cordeiro de Deus, o Salvador Jesus?
- Preparamos o caminho do Senhor Jesus para nossos filhos e familiares, ensinando-os em casa e trazendo-lhes sempre aqui?
- Apoiamos o Reino de Cristo com trabalho, orações, ofertas e dons?
    Assim como enviou João Batista, hoje eu e vocês somos enviados por Deus para preparar o caminho do Senhor Jesus para muitos. Hoje esta missão é nossa, meus irmãos, e não podemos esperar que outros a cumpram, ficando de braços cruzados.
    Hoje, João, eu e vocês preparamos o caminho do Senhor. Para cumprirmos essa missão com alegria e coragem, precisamos estar firmes na fé em Jesus até que ele volte e nos recolha em seu celeiro - a vida eterna. Por isso, pedimos que que ele derrame continuamente sobre nós o mesmo Espírito que ele recebeu, como lemos em Isaías 11.2: O Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor. 
João, eu e vocês preparamos o caminho do Senhor. Cheios do Espírito Santo, pela fé que temos, levamos o Cordeiro Jesus a todos que Deus colocar em nosso caminho. Amém. 
Rev. Leandro D. Hübner - 2022