Lutero
Aos conselhos da todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas Cristãs.
Esta obra de Lutero exorta aos prefeitos municipais das cidades da Alemanha, para criar e manter escolas cristãs.
Lutero começa dizendo que as escolas na Alemanha estão em abandono, as universidades pouco frequentadas e os conventos em declínio. Os pais pensam o seguinte, se seus filhos vão estudar, e assim eles não podem tornar-se padres, monges e freiras. Então para que manda-los para a escola e conventos se não tem como eles terem um ofício com que se sustentar.
Então, Lutero faz o apelo para as autoridades, que ajudem e aconselham a juventude, isso será a solução nossa e de todos. Anualmente é preciso fazer o levantamento das obras, para que uma cidade viva bem. Lutero pede para incluir neste levantamento, uma ajuda para a juventude, sustentando um ou dois competentes professores.
Da mesma forma, ele pede as pessoas que gastam o seu dinheiro em indulgências, missas, vigílias e entre outros, que doasse parte desse dinheiro para as escolas, para educar as crianças.
Outro motivo que Lutero trata é com a questão de que não devemos receber a graça de Deus em vão, ou seja, há vários companheiros com conhecimento lingüístico e toda a ciência, eles poderiam ajudar, se eles fossem aproveitados para instruir os jovens. Deus nos agraciou, concedendo uma grande quantidade de pessoas aptas para instruir e educar a juventude, e não vamos desperdiçar esta graça que Deus nos concede.
Outro motivo, senão a mais importante, é o próprio mandamento de Deus, que estimula e exige que os pais ensinem os filhos, conforme o Sl 78.5. e da mesma forma os jovens devem obedecer aos seus pais, conforme o 4º mandamento. Lutero diz que o pecado que mais pesa, é o que cometemos contra as crianças, quando não a educamos.
A tarefa das fundações e dos conventos é de dedicar e orientar a juventude. Pois os pais têm várias razões para não cumprir esta tarefa.
1. tem pais que tem condições, mas não o fazem. Então como vamos deixar estas crianças crescerem sem educação, e nessa hora que as fundações têm a sua tarefa.
2. tem pais que já são velhos, e não tem aptidão para ensinar, e não sabe como educar a criança. E para tal precisa-se de gente especializada.
3. tem pais que não tem tempo e nem espaço para ensinar, devido as suas atividades e serviços domésticos. E também tem muitos pais que morrem e deixam órfãos.
Por isso Lutero diz que é da competência do conselho e das autoridades dedicarem maior cuidado e empenho com a juventude. Pois para se ter o progresso da cidade, não basta só ter tesouros acumulados, armamentos e entre outros. O principal para o progresso é ter homens instruídos, cidadãos ajuizados, honestos e bem-educados. Como por exemplo a cidade de Roma: que educava seus meninos, e dentro de 15,18 e20 anos dominavam o latim, o grego e as artes liberais.
Uma cidade deve ter pessoas assim, capazes de ensinar, pois se as cidades não têm pessoas bem-preparadas, a culpa é das autoridades. Que deixaram a juventude crescer como arvores do mato, sem se preocupar com o ensino. Elas cresceram deformadas e não servem para nenhuma construção. Por exemplo: vamos deixar que pessoas assim governem o país.
Lutero coloca uma questão: que adiante ensinar o latim, o grego e hebraico e outra artes liberais, se a Bíblia pode ser ensinada na língua alemã, o que já basta para a salvação? Lutero diz que é verdade, mas as ciências e as línguas nos servem de ornamento, proveito, honra e promoção (tanto para o entendimento da Sagrada Escritura como também para dirigir o governo secular). Por isso diz Lutero às línguas devem ser preservadas no ensino. Pois Deus quando quis levar o Evangelho a todo mundo através dos apóstolos, deu a eles também as línguas.
Assim como para nós o Evangelho é importante, assim também vamos preservar as línguas. Pois se Deus escolheu para a Escritura duas línguas, AT: hebraico e NT: grego, entre todas as demais, também nós vamos honrá-la acima de todas as demais. Lutero diz o seguinte: não há como preservar o Evangelho sem as línguas. Pois se desprezarmos as línguas, não perderemos só o Evangelho, mas também não vamos falar e escrever direito o latim e o alemão. Como por exemplo as universidades e os conventos, que além de desaprender o Evangelho, corrompe também a língua latina e a alemã. Enfim, Lutero diz que se não forem preservadas as línguas, por fim o Evangelho há de perecer.
O dever de estudar as línguas é de suma importância. Um mestre cristão, diz Agostinho, que quer interpretar a Bíblia tem que conhecer, além do latim, o grego e hebraico. Para interpretar a Escritura e para combater aqueles que citam a Escritura erroneamente deve se dominar essas línguas. Não basta uma vida piedosa. Se entendêssemos as línguas, jamais teria sido dito algo mais claro do que a palavra de Deus.
É um absurdo quando se quer interpretar a Bíblia com o auxílio da interpretação dos pais da igreja. Onde há conhecimento das línguas, aí se desenvolvem as coisas com frescor e vigor. É perigoso falar dos assuntos divinos de maneira diferente ou com palavras diferentes das que o próprio Deus usa.
O mundo também precisa de homens e mulheres excelentes e aptos p/ manter seu estado secular, ou seja, governar bem a casa e educar os filhos. É preciso também que estes sejam ensinados e educados em escolas ou outras instituições, para que conheçam o mundo inteiro.
O único problema é a falta de vontade e seriedade p/ educar a juventude e ajudar e socorrer o mundo com pessoas qualificadas. O diabo prefere grandes bobalhões para que as pessoas não vão bem demais na terra. Por isso precisa de gente de verdade e urgentemente.
Também é essencial que se formem bibliotecas, livrarias com livros bons.
Porque em lugar de livros bons foram introduzidos muitos indecentes, inúteis e prejudiciais livros dos monges: Catholicon, Florista, Graecista, etc. Em lugar da Bíblia e bons livros se foi obrigado a ler obras de Aristóteles. Os professores não sabiam o que ensinar e também não conheciam métodos de como aprender e ensinar.
Deve-se ir atrás de obras decentes: Bíblia, depois livros úteis p/ aprender as línguas, livros sobre artes liberais e outras disciplinas. Livros jurídicos e de Medicina. Crônicas e compêndios de História. Está na hora de se mudar na metodologia e bibliografia.