Sempre que nos vemos diante de tragédias, logo afundamos nosso coração em questionamentos. Sejam tragédias pessoais, familiares ou de grande comoção, como está sendo para o Vale do Rio Taquari, no Rio Grande do Sul. É quase inevitável que surjam perguntas como “porque isto?”, ou “porque comigo?”. Por vezes, questionamos até mesmo a respeito da presença e da vontade do Senhor Deus diante destes fatos.
Poderíamos dar uma resposta rasa e comum. Deus quis assim. Ou, então, fazer a rápida associação de que, se tragédias aconteceram, é porque alguém mereceu ser punido. Mas aí lembramos do Evangelho de Lucas, capítulo 13. Galileus que foram assassinados enquanto adoravam a Deus. Ou os 18 homens que morreram tragicamente, quando uma pesada torre caiu sobre eles. Diante destes fatos, Jesus também fez perguntas. Não para achar culpados. Mas para nos ensinar a pensar diferente. Ele questionou assim: “Vocês acham que eles pecaram mais do que os outros para morrerem desta forma? Pensam que eles eram piores do que os outros moradores de Jerusalém? De forma alguma!”. E como não lembrar do apóstolo Paulo que, clamando a Deus pela cura de sua enfermidade, ouviu um não de Deus e uma resposta tão profunda e complexa: “a minha graça te basta” (2 Co 12). Mesmo com a graça de Deus transbordando em sua vida, ele precisou conviver com sua tragédia pessoal. E como não lembrar também dos discípulos de Jesus que, à exceção de João, foram cruelmente assassinados?
As enfermidades, perdas e tragédias nos acordam para uma triste realidade. O pecado arruinou toda a criação de Deus. Consequências disto? Nossa vida é frágil, finita, exposta a todos os tipos de males e aflições. A natureza, também arruinada, convulsiona e geme à espera da volta de Jesus. Mesmo que estejamos com os dois pés dentro do Reino do amor e da misericórdia de Deus, os dias se dão nesta vida onde tragédias e perdas são constantes.
A fé cristã não nos blinda dos males desta criação arruinada. Cristãos também choram. Perdem. Adoecem. Sofrem com o luto. Isto é real. O que é artificial e nocivo é a falsa ideia de que o crer nos coloca em uma caixinha de acrílico, garantindo prosperidade, curas e sucesso. Cristãos também são atingidos por alagamentos e enxurradas. Como também há cristãos que precisam passar por quimioterapias, uso de Rivotril, acompanhamento psicológico para enfrentar um pesado luto. O Reino que Jesus nos deu não é aqui. Pelo menos, por enquanto.
Então fica a dica: “Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará” (Mt 5.4). Sim, eu sei. Parece tão paradoxal esta promessa de Jesus. Mas ela é para mim e para você. Vem, Senhor Jesus!
Pr. Bruno Serves